domingo, 4 de julho de 2010

Gafes, nãããão!!!

De acordo com Harold Garfinkel, o fundador da etnometodologia, a mesma trata-se de um modelo teórico que propõe interpretar as bases da ordem social. Permite-nos deduzir que etnometodologia é o estudo dos etnométodos, isto é, dos procedimentos interpretativos que nós adotamos na vida em sociedade para compreendermos as situações e sabermos como agir nos mais diversos ambientes sociais que freqüentamos no nosso cotidiano. A análise metodológica busca entender de que forma os indivíduos interpretam a vida social e como suas interpretações influenciam suas ações nos diversos ambientes de interação social. Garfinkel afirma que todos nós adotamos métodos de interpretação da vida social, para podermos interagir com outros indivíduos em situações sociais que vivenciamos a todo momento, ou seja, no nosso cotidiano.
Em seu texto “Etnometodologia: a sociologia da vida cotidiana”, o autor dá dois exemplos sobre situações onde procuramos interagir com o local de acordo com as pessoas que ali se encontram, o que elas fazem e qual seria a forma mais correta de nos comportamos naquele local. O primeiro exemplo trata-se de uma festa de aniversário, onde, de forma muito solene, as pessoas festejam o ciclo de vida de uma determinada pessoa. Logo, o indivíduo ao interpretar a situação, compreende que é necessário mostrar-se descontraído e alegre no momento festivo. Ao contrário do segundo exemplo que trata de uma reunião de trabalho. Logo, nesta situação o indivíduo entende que é preciso seriedade e compromisso. Assim, tenta passar o máximo de integridade aos companheiros da reunião.
Contudo, como os indivíduos estão envolvidos por um “padrão de situações”, onde eles devem se controlar para não fugir do mesmo e tentar se igualar ao máximo a todas as pessoas do ambiente, tornando aquele momento agradável a todos os presentes, há uma pressão sobre eles de não transparecer suas emoções reais e opiniões verdadeiras.
Assim, para esse trabalho separamos tal situação:
"Se a pessoa não consegue produzir, coitada, vai ser professor. Então é aquela angústia para saber se o pesquisador vai ter um nome na praça ou se vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem".
- Fernando Henrique Cardoso; Jornal do Brasil, 28/11/2001.
Para infelicidade do ex-presidente do Brasil, a “gafe” atingiu a milhões de brasileiros que cumprem com esta profissão, além de colocar em contradição seu discurso sobre a importância da educação e o papel indiscutivelmente intocável do professor sobre a sociedade brasileira, ou até mesmo, mundial.
Mesmo após tentar esclarecer-se, a ação falha do Sr. Fernando Henrique demonstrou ser esta a sua verdadeira opinião sobre o profissional da educação.
É neste sentido que Garfinkel diz que a gafe seria um sinal de que o indivíduo interpretou ou avaliou mal a situação de interação e adotou um comportamento indesejável. Ele expressa que sempre vivemos nos esforçando para não cometer “mancadas” ou gafes e, de fato, a gente quase sempre é competente em interpretar as situações sociais e se comportar de maneira esperada.