domingo, 29 de janeiro de 2012

Ariès e o curso da disciplina no ambiente escolar

A diferença essencial entre a escola da Idade Média e o colégio dos tempos modernos reside na introdução da disciplina. De acordo com PHILIPPE ARIÈS, durante o século XV, o estudante nao estava submetido a uma hierarquia escolar. O sistema de "camaradagem" como contrato de aprendizagem, mantinha a comunidade viva e tinha um valor moral. A partir do fim da Idade Média este sistema aparece como forma de desordem e de anarquia. 
Com o estabelecimento do absolutismo monárquico, alguns homens adeptos da ordem, como o Cardeal d'Estouville, difundiam novas idéias acerca da infância e da educação. Segundo o cardeal era necessário uma disciplina maior e princípios mais restritos, onde os mestres tinham como missão a transmissão dos elementos de um conhecimento, e principalmente, formas os espíritos, inculcar virtudes e educar tanto quanto instruir. Com isso, desenvolveu-se um sentimento da responsabilidade moral dos mestres, os quais se tornaram depositários de uma autoridade superior. Tal regime tinha como característica: a vigilância, a delação erigida em princípio de governo e em instituição, e a aplicação de castigos corporais.
Contudo, por volta de 1973 na França, a opinião pública manifestou repugnância perante o regime disciplinar e houve uma reorganização deste sistema. O castigo corporal provocava certa reprovação, e assim, pouco a pouco, tornou-se habitual não mais "chicotear" os alunos.
Por consequência, com a quebra deste regime disciplinar escolar, surge uma nova orientação que tratava de despertar na criança a sensibilidade do adulto, o sentido de sua dignidade. Esta nova concepção de educação triunfou durante o século XIX.